Paróquia Sagrada Família

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Presidente Epitácio, São Paulo, Brazil
Horários de Missas: Segunda à Sexta feira 7:00 horas; Quinta-feira 19:30 horas; Sabado: 09:00 Missas com Crianças; Domingos: 07:00horas e 19:00 horas

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Semana Santa 2013


24 de Março: DOMINGO DE RAMOS
07:00 horas procissão e benção de ramos
19:00 horas Missa 
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25 de Março:Segunda feira 
06:00 horas Missa e celebração Penitencial
19:30 horas Procissão do Encontro no Distrito do Campinal
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26 de Março: Terça feira
06:00 horas Missa e celebração Penitencial
19:30 horas Procissão do Encontro Matriz Sagrada Família
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27 de Março: Quarta feira 
06:00 horas Missa e celebração Penitencial 
19:00 horas Missa do Santos Óleos  Catedral São Sebastião "Presidente Prudente" 
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28 de Março: Quinta feira
06:00 horas Missa e celebração Penitencial 
19:00 horas Missa Ceia do Senhor - Distrito do Campinal
21:00 horas Missa Ceia do Senhor Matriz Sagrada Família
23:00 horas INICIO DA VIGÍLIA PASCAL
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29 de Março: SEXTA FEIRA SANTA
14:00 horas Encerramento da Vigília Pascal 
15:00 horas Celebração da Paixão de Cristo "ADORAÇÃO A SANTA CRUZ"
20:00 Teatro da Paixão de Cristo "ORLA''
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30 de Março: Sábado Santo " Sábado de Aleluia" 
09:00 horas Caminhada com as Crianças da Catequese e Infância Missionaria
19:00 Celebração da Luz - Distrito do Campinal
21:00 Celebração da Luz Matriz Sagrada Família 
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31 de Março: Domingo de Pascoa
06:00 horas Missa da Alvorada - Celebração da Ressurreição do Senhor.
Após a Santa Missa confraternização.
19:00 horas Missa da Páscoa  




ESCALA DE MARÇO E CELEBRAÇÕES


JÁ ESTA DISPONÍVEL A ESCALA DE MARÇO
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domingo, 24 de fevereiro de 2013

II Domingo da Quaresma – Ano C


QUARESMAII

Homilia de Dom Henrique Soares da Costa – 

Gn 15,5-12.17-18
Sl 26
Fl 3,17 – 4,1
Lc 9,28b-26
Antes de tudo, duas observações: (1) A Palavra de Deus, neste Domingo, apresenta-nos um contraste muito forte entre escuridão e luz: escuridão da noite do Pai Abraão e luz do Cristo transfigurado; (2) chama atenção, num tempo tão austero como a Quaresma um evangelho tão esfuziante como o da Transfiguração. Não cairia melhor na Páscoa, este texto? Por que a Igreja o coloca aqui, no início do tempo quaresmal?
Comecemos pela primeira leitura. Aí, Abraão nos é apresentado numa profunda crise; Deus tinha lhe prometido uma descendência e uma terra e, quase vinte e cinco anos após sua saída de seu pátria e de sua família, o Senhor ainda não lhe dera nada, absolutamente nada! Numa noite escura, noite da alma, Abraão, não mais se conteve e perguntou: “Meu Senhor Deus, que me darás?” (Gn 15,2) Deus, então, “conduziu Abrão para fora e disse-lhe: ‘Olha para o céu e conta as estrelas, se fores capaz! Assim será a tua descendência!” Deus tira Abraão do seu mundozinho, de seu modo de ver estreito, da sua angústia, e convida-o a ver e sentir com os olhos e o coração do próprio Deus. “Abrão teve fé no Senhor”. Abraão esperou contra toda esperança, creu contra toda probabilidade, apostando tudo no Senhor, apoiando nele todo seu futuro, todo o sentido de sua existência! Abraão creu! Por isso Deus o considerou seu amigo, “considerou isso como justiça!” E, como recompensa Deus selou uma aliança com nosso Pai na fé: “’Traze-me uma novilha, uma cabra, um carneiro, além de uma rola e uma pombinha’. Abrão trouxe tudo e dividiu os animais ao meio. Aves de rapina se precipitaram sobre os cadáveres, mas Abrão as enxotou. Quando o sol ia se pondo, caiu um sono profundo sobre Abrão e ele foi tomado de grande e misterioso terror”. Abrão entra em crise: no meio da noite – noite cronológica, atmosférica; noite no coração de Abrão – no meio da noite, as aves de rapina ameaçam, e o sono provocado pelo desânimo e a tristeza, rondam nosso Pai na fé… Deus demora, Deus parece ausente, Deus parece brincar com Abraão! Tudo é noite, como muitas vezes na nossa vida e na vida do mundo! Mas, ele persevera, vigia, luta contra as aves rapineiras e o torpor… E, no meio da noite e da desolação, Deus passa, como uma tocha luminosa: “quando o sol se pôs e escureceu, apareceu um braseiro fumegante e uma tocha de fogo… Naquele dia, o Senhor fez aliança com Abrão”. Observemos o mistério: Deus passou, iluminou a noite; a noite fez-se dia: “Naquele dia, Deus fez aliança com Abrão!” Abraão, nosso Pai, esperou, creu, combateu, vigiou e a escuridão fez-se luz, profecia da luz que é Cristo, cumprimento da aliança prometido pelo Senhor! “O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida; perante quem tremerei?” Eis o cumprimento da Aliança com Abraão: Cristo, que é luz, Cristo que hoje aparece transfigurado sobre o Tabor!
Fixemos a atenção no evangelho, sejamos atentos aos detalhes: Jesus estava rezando – “subiu à montanha para rezar” - e, portanto, aberto para o Pai, disponível, todo orientado para o Senhor Deus: Cristo subiu para encontrar seu Deus e Pai! E o Pai o transfigura. Sim, o Pai! Recordemos que é a voz do Pai que sai da nuvem e apresenta Aquele que brilha em luz puríssima:“Este é o meu Filho, o Escolhido!” E a Nuvem que o envolve é sinal do Espírito de Deus, aquela mesma glória de Deus que desceu sobre a Montanha do Sinai (cf. Ex Ex 19,16), sobre a Tenda de Reunião no deserto (cf. Ex 40,34-38), sobre o Templo, quando foi consagrado (cf. 1Rs 8,10-13) e sobre Maria, a Virgem (cf. Lc 1,35). É no Espírito Santo que o Pai transfigura o Filho! Na voz, temos o Pai; no Transfigurado, o Filho; na Nuvem luminosa, o Espírito! E aparecem Moisés e Elias, simbolizando a Lei e os Profetas. Aqui, não nos percamos em loucas divagações e ignóbeis conclusões, como os espíritas, que de modo louco, querem provar com este texto que os mortos se comunicam com os vivos! Trata-se, aqui, de uma visão sobrenatural, não de uma aparição fantasmagórica e natural! Moisés e Elias, que “estavam conversando com Jesus… sobre a morte, que Jesus iria sofrer em Jerusalém”. Aqui é preciso compreender! Um pouco antes – Lucas diz que oito dias antes (cf. 9,28) – Jesus tinha avisado que iria sofrer muito e morrer; os discípulos não compreendiam tal linguagem! Agora, sobre o monte, eles vêem que a Lei (Moisés) e os Profetas (Elias) davam testemunho da morte de Jesus, de sua Páscoa! Sua paixão e morte vão conduzi-lo à glória da Ressurreição, glória que Jesus revela agora, de modo maravilhoso! Assim, a fé dos discípulos, que dormiam como Abraão, é fortalecida, como o foi a de Abraão, ao passar a glória do Senhor na tocha de fogo! A verdadeira tocha, a verdadeira luz que ilumina nossas noites sombrias e nossas dúvidas tão persistentes é Jesus!
Mas, por que este evangelho logo no início da Quaresma? Precisamente porque estamos caminhando para a Páscoa: a de 2004 e a da Eternidade. Atravessando a noite desta vida e o combate quaresmal, estamos em tempo de oração, vigilância e penitência! A Igreja, como Mãe, carinhosa e sábia, nos anima, revelando-nos qual o nosso objetivo, qual a nossa meta, o nosso destino: trazer em nós a imagem viva do Cristo ressuscitado, transfigurado pelo Espírito Santo do Pai. Escutemos São Paulo:“Nós somos cidadãos do céu. De lá esperamos o nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo. Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso. Assim, meus irmãos, continuai firmes no Senhor!” Compreendem? Se mantivermos o olhar firme naquilo que nos aguarda – a glória de Cristo –, teremos força para atravessar a noite desta vida e o combate da Quaresma. Somos convidados à perseverança de Abraão, ao seu combate na noite, à vigilância e à esperança, somos convidados a não sermos “inimigos da cruz de Cristo, que só pensam nas coisas terrenas”, somos convidados a viver de fé, a combater na fé! Este é o combate da Quaresma, este é o combate da vida: passar da imagem do homem velho, com seus velhos raciocínios e sentimentos, ao homem novo, imagem do Cristo glorioso! Se formos fiéis, poderemos celebrar a Páscoa deste ano mais assemelhados ao Cristo transfigurado pela glória da Ressurreição e, um dia, seremos totalmente transfigurados à imagem bendita do Filho de Deus, que com o Pai e o Espírito Santo vive e reina na glória imperecível. Amém!
D. Henrique Soares da Costa 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Sacramento da penitência e da reconciliação



por quê a quaresma ESTÁ TÃO CENTRADA NA penitência e NA reconciliação?


 
 
                A Igreja associa-se a cada ano, através dos quarenta dias da Grande Quaresma, ao mistério de Jesus no deserto,  um tempo de solidão vivido por Jesus imediatamente após o seu Batismo e ao fim do qual, Satanás o tenta por três vezes, procurando questionar sua atitude filial para com Deus (...); ataques que recapitulam as tentações de Adão no Paraíso e de Israel no deserto.

                Os evangelistas assinalam o sentido salvífico deste acontecimento misterioso. Jesus é o novo Adão, que ficou fiel lá  onde o primeiro sucumbiu à tentação. Cristo venceu o Tentador por nós: “Pois não temos um sumo sacerdote incapaz de compadecer-se das nossas fraquezas, pois Ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado.” (Hb 4,15).

            Por quê precisamos de um sacramento de Reconciliação, após o Batismo?

                O Batismo é o primeiro e o principal sacramento do perdão dos pecados. 
                O perdão que recebemos pelo Batismo é completo. Contudo, a graça do Batismo não livra ninguém de todas as fraquezas da natureza, nem da inclinação ao pecado, que a tradição chama de concupiscência, que continua nos batizados para prová-los no combate da vida cristã, auxiliados pela graça de Cristo.  
                “O Sacramento da Penitência é necessário para a salvação daqueles que caíram depois do Batismo, assim como o Batismo para os que ainda não foram regenerados” (Conc. de Trento: DS 1672).
                O perdão dos pecados cometidos após o Batismo é concedido por um sacramento próprio chamado sacramento da Conversão, da Confissão, da Penitência ou da Reconciliação.
                S. Ambrósio, referindo-se às duas conversões, diz que na Igreja “existem a água e as lágrimas: a água do Batismo e as lágrimas da penitência”  (Ep. 41,12).

o que é o pecado? 

                O homem, tentado pelo Diabo, deixou morrer em seu coração a confiança em seu Criador e, abusando da sua liberdade, desobedeceu ao mandamento de Deus. Foi nisto que consistiu o primeiro pecado do homem [pecado original].
                Todo pecado, daí em diante, será uma desobediência a Deus e uma falta de confiança em sua bondade.
                Neste pecado, o homem preferiu-se a si mesmo a Deus, e por isto menosprezou a Deus: optou por si mesmo contra Deus, contrariando as exigências do seu estado de criatura e conseqüentemente de seu próprio bem. Criado em estado de santidade, o homem estava destinado a ser plenamente “divinizado” por Deus na glória. Pela sedução do Diabo, quis “ser como Deus”, mas “sem Deus, e antes de Deus, e não segundo Deus” (S. Maximo Confessor, ambig).
                O pecado é uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro, para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi definido como “uma palavra, um ato ou um desejo contrários à lei eterna” (Sto. Agostinho, Faust. 22; Sto. Tomás de Aquino, s. th. 1-2,71.6).  É uma ofensa a Deus.
                A raiz de todos os pecados está no coração do homem. As espécies e a gravidade dos mesmos medem-se principalmente segundo o seu objeto.
                Escolher deliberadamente, isto é, sabendo e querendo, uma coisa gravemente contrária à lei divina e ao fim último do homem, é cometer pecado mortal.  Este destrói em nós a caridade, sem a qual é impossível a bem-aventurança eterna. Caso não haja arrependimento, acarreta a morte eterna.
                O pecado venial constitui uma desordem moral reparável pela caridade, que ele deixa subsistir em nós.
                A repetição dos pecados, mesmo veniais, produz os vícios, entre os quais avultam os pecados capitais.

de que maneira o pecado de adão se tornou o pecado de todos os seus descendentes?

                A Escritura mostra as conseqüências dramáticas desta primeira desobediência. Adão e Eva perdem de imediato a graça da santidade original. Têm medo deste Deus do qual fizeram uma imagem falsa, de um Deus enciumado das suas prerrogativas.
                A harmonia na qual estavam, estabelecida graças à justiça original, está destruída; o domínio das faculdades espirituais da alma sobre o corpo é rompido; a união entre o homem e a mulher é submetida a tensões; suas relações serão marcadas pela cupidez e pela dominação. A harmonia com a criação está rompida: a criação visível tornou-se para o homem estranha e hostil. Por causa do homem, a criação está submetida “à servidão da corrupção” (Rm 8,20).
                Finalmente, vai realizar-se a conseqüência explicitamente anunciada para o caso de desobediência: o homem “voltará ao pó do qual é formado” (Gn 3,19). A morte entra na história da humanidade (Cf. Gn 2,17).
                A partir do primeiro pecado, uma verdadeira “invasão” do pecado inunda o mundo (...). A Escritura e a Tradição da Igreja não cessam de recordar a presença e a universalidade do pecado na história do homem.
                A transmissão do pecado original é um  mistério que não somos capazes de compreender plenamente.
                Sabemos, porém, pela Revelação, que Adão havia recebido a santidade e a justiça originais  não exclusiva-mente para si, mas para toda a natureza humana: ao cederem ao Tentador, Adão e Eva cometem um  pecado pessoal, mas este pecado afeta a natureza humana, que vão transmitir em um estado decaído. É um pecado que será transmitido por propagação à humanidade inteira (...): é um pecado “contraído” e não “cometido”, um estado e não um ato.

mas por quê deus não impediu o primeiro homem de pecar?

                O pecado é um abuso da liberdade que Deus dá às pessoas criadas para que possam amá-lo e amar-se mutuamente.               
                [Mas]  “A graça inefável de Cristo deu-nos bens melhores do que aqueles que a inveja do demônio nos havia subtraído”. [S. Leão Magno].
                “Onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5,20).    “Ó feliz culpa, que mereceu tal e tão grande Redentor” (Canto do Exultet - S. th 3.1.3.ad.3.).
                Deus permite que os males aconteçam para tirar deles um bem ainda maior.

            e o MEU PECADO: NÃO AFETA SOMENTE A MIM?

                Quem peca fere a honra de Deus e seu amor, sua  dignidade de homem chamado a ser filho de Deus e a saúde espiritual da Igreja, da qual cada cristão é uma pedra viva.
                Aos olhos da fé, nenhum mal é mais grave do que o pecado, e nada tem conseqüências piores para os próprios pecadores, para a Igreja e para o mundo inteiro.

eu não peco: apenas, cometo erros

                O Evangelho é a revelação, em Jesus Cristo, da misericórdia de Deus para com os pecadores. (...) Acolher essa misericórdia exige da nossa parte a confissão das nossas faltas.
                “Se dissermos: ‘Não temos pecado’, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessamos nossos pecados, ele, que é fiel e justo, perdoará nossos pecados e nos purificará de toda injustiça” (1Jo 1,8-9)
                Como o médico que examina a ferida antes de curá-la, assim Deus, por sua palavra e por seu Espírito, projeta uma luz viva sobre o pecado.

para voltar à comunhão com deus, quanto compete ao homem e quanto a deus?

                Voltar à comunhão com Deus depois de a ter perdido pelo pecado é um movimento que nasce da graça do Deus misericordioso e solícito pela salvação dos homens. É preciso pedir esse dom precioso para si mesmo como também para os outros [intercessão].
                O movimento de volta a Deus, chamado conversão e arrependimento, implica uma dor e uma aversão aos pecados cometidos e o firme propósito de não mais pecar no futuro. A conversão atinge portanto o passado e o futuro; nutre-se da esperança na misericórdia divina.

em que consiste o sacramento da penitência?

                O sacramento da Penitência é constituído de três atos do penitente, e da absolvição dada pelo sacerdote.
                Os atos do penitente são: o arrependimento, a confissão ou declaração dos pecados ao sacerdote e o propósito de cumprir a penitência e as obras de reparação.


ARREPENDIMENTO

                O arrependimento (também chamado contrição) deve inspirar-se em motivos que decorrem da fé. Se o arrependimento estiver embasado no amor de caridade para com Deus, é chamado “perfeito” [contrição de caridade]; se estiver fundados em outros motivos [contrição por temor], será  “imperfeito”.

CONVERSÃO DO CORAÇÃO E PENITÊNCIA INTERIOR

                O apelo de Jesus à conversão e à penitência não visa em primeiro lugar as obras exteriores (...), mas a conversão do coração, a penitência interior. Sem ela, as obras de penitência continuam estéreis e enganadoras (...).
                A penitência interior do cristão pode ter expressões bem variadas. A escritura e os padres insistem principalmente em três formas: o jejum,  a oração e a esmola  (Cf. Tb 12,8; Mt 6,1-18),  que exprimem a conversão em relação a si mesmo, a Deus e aos outros.
                Ao lado da purificação radical operada pelo batismo ou pelo martírio, citam, como meio de obter perdão dos pecados, os esforços empreendidos para reconciliar-se com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade, “que cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8).
                A conversão se realiza na vida cotidiana através de gestos de reconciliação, do cuidado dos pobres, do exercício e da defesa da justiça e do direito, pela confissão das faltas aos irmãos, pela correção fraterna, pela revisão de vida, pelo exame de consciência, pela direção espiritual, pela aceitação dos sofrimentos, pela firmeza na perseguição por causa da justiça.
                Tomar sua cruz, cada dia, e seguir a Jesus é o caminho mais seguro da penitência.


por que precisamos da igreja para o perdão dos pecados?

                Só Deus perdoa os pecados. Por ser o Filho de Deus, Jesus exerce esse poder divino (Mc 2,5.10; Lc 7,48).  Mais ainda: em virtude de sua autoridade divina, transmite esse poder aos homens para que o exerçam em seu nome.
                “A Igreja recebeu as chaves do Reino dos Céus para que se opere nela a remissão dos pecados pelo sangue de Cristo e pela ação do Espírito Santo” (Sto. Agostinho, serm. 214,11).
                “Dizendo isso, soprou sobre eles e lhes disse: Recebei o Espírito Santo;  aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,22-23).
                Somente os sacerdotes que receberam da autoridade da Igreja a faculdade de absolver podem perdoar os pecados em nome de Cristo.

EU ME CONFESSO DIRETAMENTE COM DEUS - ISSO NÃO BASTA?

                A confissão individual e integral dos pecados graves, seguida de absolvição, continua sendo o único   meio ordinário de reconciliação com Deus e com a Igreja.
                Aquele que quiser obter a reconciliação com Deus e com a Igreja, deve confessar ao sacerdote todos os pecados graves que ainda não confessou e de que se lembra depois de examinar cuidadosamente a sua consciência. Mesmo sem ser necessária em si a confissão das faltas veniais, a Igreja não deixa de recomendá-la vivamente.
                A declaração dos pecados ao sacerdote constitui uma parte essencial do sacramento da penitência: “Os penitentes devem, na confissão, enumerar todos os pecados mortais de que têm consciência depois de examinar-se seriamente, mesmo que esses pecados sejam muito secretos e tenham sido cometidos somente contra os dois últimos preceitos do decálogo, pois às vezes esses pecados ferem gravemente a alma e são mais prejudiciais do que os outros que foram cometidos à vista e conhecimento de todos” (C. de Trento: DS 1680).

SINTO VERGONHA DE CONTAR AO SACERDOTE ALGUNS DOS MEUS PECADOS...

                O confessor não é senhor, mas servo do perdão de Deus. O ministro deste sacramento deve unir-se à intenção e à caridade de Cristo. (...)  Todo sacerdote que ouve confissões é obrigado a guardar segredo absoluto a respeito dos pecados que seus penitentes lhe confessaram, sob penas severíssimas. Também não pode fazer uso do conhecimento da vida dos penitentes adquirido pela confissão. Este sigilo, que não admite exceções,  chama-se “sigilo sacramental” (...).
                Quando os cristãos se esforçam para confessar todos os pecados que lhes vêm à memória, não se pode duvidar que tenham o intuito de apresentá-los todos ao perdão da misericórdia divina. Os que agem de outra forma tentando ocultar conscientemente alguns pecados não colocam diante da bondade divina nada que ela possa remir por intermédio do sacerdote.  Pois, “se o doente insistir em esconder do médico sua ferida, como poderá a medicina curá-lo?”  (S. Jerônimo, Eccl. 10,11 C. de Trento DS 1680).



TENHO MEDO DE QUE O MEU PECADO NÃO TENHA PERDÃO...!
                Não há pecado algum , por mais grave que seja, que a Santa Igreja não possa perdoar (...) “desde que o arrependimento seja sincero”   (Catech. R. 1,11,5). 
COM QUE FREQÜÊNCIA DEVO ME CONFESSAR?

                Conforme o mandamento da Igreja, “Todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar fielmente seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano”    (CIC, cân. 989; cf. DS 1683; cf. DS 1708).   
                Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a Sagrada Comunhão, mesmo que esteja profundamente contrito, sem receber previamente a absolvição sacramental,    a menos que tenha um motivo grave para comungar e lhe seja impossível chegar a um confessor.
                As crianças devem confessar-se antes de receber a Primeira Eucaristia.

 o QUE É CONFISSÃO COMUNITÁRIA?

                O sacramento da Penitência também pode ter lugar no quadro de uma celebração comunitária, na qual as pessoas se preparam juntas para a confissão e também juntas agradecem pelo perdão recebido. Neste caso, a confissão pessoal dos pecados e a absolvição individual são inseridas [mas não dispensadas, de forma alguma!  - comentário e grifo nossos]  numa liturgia da Palavra de Deus, com leituras e homilia, exame de consciência em comum, pedido comunitário de perdão, oração do “Pai-Nosso” e ação de graças em comum.

            A CONFISSÃO COMUNITÁRIA NUNCA DÁ ABSOLVIÇÃO GERAL?

                Em casos de necessidade grave, pode-se recorrer à celebração comunitária da reconciliação com confissão e absolvição gerais. Esta necessidade grave pode  apresentar-se quando há um perigo iminente de morte sem que o ou os sacerdotes tenham tempo suficiente para ouvir a confissão de cada penitente.
                A necessidade grave pode também apresentar-se quando, tendo-se em vista o número dos penitentes, não havendo confessores suficientes para ouvir devidamente as confissões individuais num tempo razoável, de modo que os penitentes, sem culpa de sua parte, se veriam privados durante muito  tempo da graça sacramental ou da sagrada Eucaristia.
                Nesse caso os fiéis devem ter, para validade da absolvição, o propósito de confessar individualmente seus pecados no devido tempo.
                Cabe ao Bispo diocesano julgar se os requisitos para a absolvição geral existem. Um grande concurso de fiéis por ocasião das grandes festas ou de peregrinação não constitui caso de tal necessidade grave.

a penitência sacramental

                O confessor propõe ao penitente o cumprimento de certos “atos de satisfação” ou de “penitência”, para reparar o prejuízo causado pelo pecado e restabelecer os hábitos próprios ao discípulo de Cristo.
                “A penitência impele o pecador a suportar tudo de boa vontade. Em seu coração está o arrependimento; em sua boca, a acusação; em suas obras, plena humildade e proveitosa satisfação” (Catec. R. 2,5,21. Cf. C. de Trento: DS 1673).
                No curso dos séculos, a forma concreta segundo a qual a Igreja exerceu esse poder recebido do Senhor variou muito. Nos primeiros séculos, a reconciliação dos cristãos que haviam cometido pecados particularmente graves depois do Batismo (por exemplo, a  idolatria, o homicídio ou o adultério) estava ligada a uma disciplina bastante rigorosa, segundo a qual os penitentes deviam fazer penitência pública por seus pecados, muitas vezes durante longos anos, antes de receber a reconciliação. A esta “ordem dos penitentes”  (que incluía apenas certos pecados graves) só se era admitido raramente e, em certas regiões, só uma vez na vida.                 No século VII, inspirados na tradição monástica do Oriente, os missionários irlandeses trouxeram para a Europa continental a prática “privada” da penitência que não mais exigia a prática pública e prolongada de obras de penitência antes de receber a reconciliação com a Igreja. O sacramento se realiza daí em diante de uma forma mais secreta entre o penitente e o presbítero. Esta nova prática previa a possibilidade da repetição, abrindo assim o caminho para uma freqüência regular a este sacramento. Permitia integrar numa única celebração sacramental o perdão dos pecados graves e dos pecados veniais. Em linhas gerais, é essa a forma de penitência que é praticada na Igreja até hoje.
                Os atos de satisfação impostos pelo confessor podem consistir na oração, numa oferta, em obras de misericórdia, no serviço ao próximo, em privações voluntárias, sacrifícios e principalmente na aceitação paciente da cruz que temos que carregar. Essas penitências nos ajudam a configurar-nos com Cristo que, sozinho, expiou nossos pecados uma vez por todas. Permitem-nos também tornar-nos co-herdeiros de Cristo ressuscitado, “pois sofremos com ele” (Rm 8,17; Cf. C. de Trento: DS 1690).
                Mas nossa satisfação, aquela que pagamos pelos nossos pecados, só vale por Jesus Cristo: pois não podendo coisa alguma por nós mesmos, “tudo podemos com a cooperação daquele que nos conforta”  (Fl 4,13).

                       

Os efeitos espirituais do sacramento da Penitência são:

a reconciliação com Deus, pela qual o penitente recobra a graça;
a reconciliação com a Igreja;
a remissão da pena eterna devida aos pecados mortais;
a remissão, pelo menos em parte, das penas temporais, seqüelas do pecado;
a paz e a serenidade da consciência, e a consolação espiritual;
o acréscimo de forças espirituais para o combate cristão.
                Não devemos esquecer que a reconciliação com Deus tem como conseqüência, por assim dizer, outras reconciliações capazes de remediar outras rupturas ocasionadas pelo pecado: o penitente perdoado reconcilia-se consigo mesmo no íntimo mais profundo do seu ser, onde recupera a própria verdade interior; reconcilia-se com os irmãos que de alguma maneira ofendeu e feriu; reconcilia-se com a Igreja; e reconcilia-se com toda a criação (RP 31).

indulgências
                Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, seqüelas dos pecados.
o Que é a indulgência?

                “A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel bem disposto obtém em certas condições determinadas, pela intervenção da Igreja que, como dispensadora da redenção, distribui e aplica por sua autoridade o tesouro das satisfações de Cristo e dos santos”.


tipos de indulgências e a quem se aplicam

                “A indulgência é parcial ou plenária, conforme liberar parcial ou totalmente da pena devida pelos pecados” .      
                As indulgências podem aplicar-se aos vivos e aos defuntos (Paulo VI, const. ap.  “Indulgentiarum doctrina”, normais  1-3).

            se confessamos e fomos perdoados, por quê precisamos de indulgências?

                Para compreender esta doutrina e esta prática da Igreja, é preciso admitir que o pecado tem uma dupla conseqüência.  O pecado grave priva-nos da comunhão com Deus e, conseqüentemente,  nos torna incapazes da vida eterna; esta privação se chama  “pena eterna” do pecado. Por outro lado, todo pecado, mesmo venial, acarreta um apego prejudicial às criaturas que exige purificação, quer aqui na terra, quer depois da morte, no estado chamado purgatório. Esta purificação liberta da chamada “pena temporal” do pecado.
                Essas duas penas não devem ser concebidas como uma espécie de vingança infligida por Deus do exterior, mas antes como uma conseqüência da própria natureza do pecado.  Uma conversão que procede de uma ardente caridade pode chegar à total purificação do pecador, não subsistindo mais qualquer pena.
                O perdão do pecado e a restauração da comunhão com Deus implicam a remissão das penas eternas do pecado. Mas permanecem as penas temporais do pecado. (...)
  
            “O dinamismo da conversão e da penitência foi maravilhosamente descrito por Jesus na parábola do “filho pródigo”,  cujo centro é o “pai misericordioso” (cf. Lc 15,11-24): o fascínio de uma liberdade ilusória, o abandono da casa paterna; a extrema miséria em que se encontra o filho, depois de esbanjar sua fortuna; a profunda humilhação de ver-se obrigado a cuidar dos porcos e, pior ainda, de querer matar a fome com a sua ração; a reflexão sobre os bens perdidos; o arrependimento e a decisão de declarar-se culpado diante do pai; o caminho de volta; o generoso acolhimento da parte do pai; a alegria do pai: tudo isso são traços específicos do processo de conversão. A bela túnica, o anel e o banquete da festa são símbolos desta nova vida, pura, digna, cheia de alegria, que é a vida do homem que volta a Deus e ao seio de sua família, que é a Igreja. Só o coração de Cristo que conhece as profundezas do amor do Pai pôde revelar-nos o abismo de sua misericórdia de uma maneira tão simples e tão bela.”   (CIC nr. 1439)


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013



MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI
PARA A QUARESMA DE 2013
 

Crer na caridade suscita caridade
«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele» (
1 Jo 4, 16)  

Queridos irmãos e irmãs!
A celebração da Quaresma, no contexto do Ano da fé, proporciona-nos uma preciosa ocasião para meditar sobre a relação entre fé e caridade: entre o crer em Deus, no Deus de Jesus Cristo, e o amor, que é fruto da acção do Espírito Santo e nos guia por um caminho de dedicação a Deus e aos outros.
1. A fé como resposta ao amor de Deus
Na minha primeira Encíclica, deixei já alguns elementos que permitem individuar a estreita ligação entre estas duas virtudes teologais: a fé e a caridade. Partindo duma afirmação fundamental do apóstolo João: «Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele» (1 Jo 4, 16), recordava que, «no início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo. (...) Dado que Deus foi o primeiro a amar-nos (cf. 1 Jo 4, 10), agora o amor já não é apenas um “mandamento”, mas é a resposta ao dom do amor com que Deus vem ao nosso encontro» (Deus caritas est1). A fé constitui aquela adesão pessoal - que engloba todas as nossas faculdades - à revelação do amor gratuito e «apaixonado» que Deus tem por nós e que se manifesta plenamente em Jesus Cristo. O encontro com Deus Amor envolve não só o coração, mas também o intelecto: «O reconhecimento do Deus vivo é um caminho para o amor, e o sim da nossa vontade à d’Ele une intelecto, vontade e sentimento no acto globalizante do amor. Mas isto é um processo que permanece continuamente a caminho: o amor nunca está "concluído" e completado» (ibid., 17). Daqui deriva, para todos os cristãos e em particular para os «agentes da caridade», a necessidade da fé, daquele «encontro com Deus em Cristo que suscite neles o amor e abra o seu íntimo ao outro, de tal modo que, para eles, o amor do próximo já não seja um mandamento por assim dizer imposto de fora, mas uma consequência resultante da sua fé que se torna operativa pelo amor» (ibid., 31). O cristão é uma pessoa conquistada pelo amor de Cristo e, movido por este amor - «caritas Christi urget nos» (2 Cor 5, 14) - , está aberto de modo profundo e concreto ao amor do próximo (cf. ibid., 33). Esta atitude nasce, antes de tudo, da consciência de ser amados, perdoados e mesmo servidos pelo Senhor, que Se inclina para lavar os pés dos Apóstolos e Se oferece a Si mesmo na cruz para atrair a humanidade ao amor de Deus.
«A fé mostra-nos o Deus que entregou o seu Filho por nós e assim gera em nós a certeza vitoriosa de que isto é mesmo verdade: Deus é amor! (...) A fé, que toma consciência do amor de Deus revelado no coração trespassado de Jesus na cruz, suscita por sua vez o amor. Aquele amor divino é a luz – fundamentalmente, a única - que ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos dá a coragem de viver e agir» (ibid., 39). Tudo isto nos faz compreender como o procedimento principal que distingue os cristãos é precisamente «o amor fundado sobre a fé e por ela plasmado» (ibid., 7).
2. A caridade como vida na fé
Toda a vida cristã consiste em responder ao amor de Deus. A primeira resposta é precisamente a fé como acolhimento, cheio de admiração e gratidão, de uma iniciativa divina inaudita que nos precede e solicita; e o «sim» da fé assinala o início de uma luminosa história de amizade com o Senhor, que enche e dá sentido pleno a toda a nossa vida. Mas Deus não se contenta com o nosso acolhimento do seu amor gratuito; não Se limita a amar-nos, mas quer atrair-nos a Si, transformar-nos de modo tão profundo que nos leve a dizer, como São Paulo: Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim (cf. Gl 2, 20).
Quando damos espaço ao amor de Deus, tornamo-nos semelhantes a Ele, participantes da sua própria caridade. Abrirmo-nos ao seu amor significa deixar que Ele viva em nós e nos leve a amar com Ele, n'Ele e como Ele; só então a nossa fé se torna verdadeiramente uma «fé que actua pelo amor» (Gl 5, 6) e Ele vem habitar em nós (cf. 1 Jo 4, 12).
A fé é conhecer a verdade e aderir a ela (cf. 1 Tm 2, 4); a caridade é «caminhar» na verdade (cf.Ef 4, 15). Pela fé, entra-se na amizade com o Senhor; pela caridade, vive-se e cultiva-se esta amizade (cf. Jo 15, 14-15). A fé faz-nos acolher o mandamento do nosso Mestre e Senhor; a caridade dá-nos a felicidade de pô-lo em prática (cf. Jo 13, 13-17). Na fé, somos gerados como filhos de Deus (cf. Jo 1, 12-13); a caridade faz-nos perseverar na filiação divina de modo concreto, produzindo o fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5, 22). A fé faz-nos reconhecer os dons que o Deus bom e generoso nos confia; a caridade fá-los frutificar (cf. Mt 25, 14-30).
3. O entrelaçamento indissolúvel de fé e caridade
À luz de quanto foi dito, torna-se claro que nunca podemos separar e menos ainda contrapor fé e caridade. Estas duas virtudes teologais estão intimamente unidas, e seria errado ver entre elas um contraste ou uma «dialéctica». Na realidade, se, por um lado, é redutiva a posição de quem acentua de tal maneira o carácter prioritário e decisivo da fé que acaba por subestimar ou quase desprezar as obras concretas da caridade reduzindo-a a um genérico humanitarismo, por outro é igualmente redutivo defender uma exagerada supremacia da caridade e sua operatividade, pensando que as obras substituem a fé. Para uma vida espiritual sã, é necessário evitar tanto o fideísmo como o activismo moralista.
A existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus. Na Sagrada Escritura, vemos como o zelo dos Apóstolos pelo anúncio do Evangelho, que suscita a fé, está estreitamente ligado com a amorosa solicitude pelo serviço dos pobres (cf. At 6, 1-4). Na Igreja, devem coexistir e integrar-se contemplação e acção, de certa forma simbolizadas nas figuras evangélicas das irmãs Maria e Marta (cf. Lc 10, 38-42). A prioridade cabe sempre à relação com Deus, e a verdadeira partilha evangélica deve radicar-se na fé (cf. Catequese na Audiência geral de 25 de Abril de 2012). De facto, por vezes tende-se a circunscrever a palavra «caridade» à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o «serviço da Palavra». Não há acção mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana. Como escreveu o Servo de Deus Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum progressioo anúncio de Cristo é o primeiro e principal factor de desenvolvimento (cf. n. 16). A verdade primordial do amor de Deus por nós, vivida e anunciada, é que abre a nossa existência ao acolhimento deste amor e torna possível o desenvolvimento integral da humanidade e de cada homem (cf. Enc. Caritas in veritate8).
Essencialmente, tudo parte do Amor e tende para o Amor. O amor gratuito de Deus é-nos dado a conhecer por meio do anúncio do Evangelho. Se o acolhermos com fé, recebemos aquele primeiro e indispensável contacto com o divino que é capaz de nos fazer «enamorar do Amor», para depois habitar e crescer neste Amor e comunicá-lo com alegria aos outros.
A propósito da relação entre fé e obras de caridade, há um texto na Carta de São Paulo aos Efésios que a resume talvez do melhor modo: «É pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, para vivermos na prática das boas acções que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos» (2, 8-10). Daqui se deduz que toda a iniciativa salvífica vem de Deus, da sua graça, do seu perdão acolhido na fé; mas tal iniciativa, longe de limitar a nossa liberdade e responsabilidade, torna-as mais autênticas e orienta-as para as obras da caridade. Estas não são fruto principalmente do esforço humano, de que vangloriar-se, mas nascem da própria fé, brotam da graça que Deus oferece em abundância. Uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos: estas duas virtudes implicam-se mutuamente. A Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos precisamente a alimentar a fé com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola.
4. Prioridade da fé, primazia da caridade
Como todo o dom de Deus, a fé e a caridade remetem para a acção do mesmo e único Espírito Santo (cf. 1 Cor 13), aquele Espírito que em nós clama:«Abbá! – Pai!» (Gl 4, 6), e que nos faz dizer: «Jesus é Senhor!» (1 Cor 12, 3) e «Maranatha! – Vem, Senhor!» (1 Cor 16, 22; Ap 22, 20).
Enquanto dom e resposta, a fé faz-nos conhecer a verdade de Cristo como Amor encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade do Pai e infinita misericórdia divina para com o próximo; a fé radica no coração e na mente a firme convicção de que precisamente este Amor é a única realidade vitoriosa sobre o mal e a morte. A fé convida-nos a olhar o futuro com a virtude da esperança, na expectativa confiante de que a vitória do amor de Cristo chegue à sua plenitude. Por sua vez, a caridade faz-nos entrar no amor de Deus manifestado em Cristo, faz-nos aderir de modo pessoal e existencial à doação total e sem reservas de Jesus ao Pai e aos irmãos. Infundindo em nós a caridade, o Espírito Santo torna-nos participantes da dedicação própria de Jesus: filial em relação a Deus e fraterna em relação a cada ser humano (cf. Rm 5, 5).
A relação entre estas duas virtudes é análoga à que existe entre dois sacramentos fundamentais da Igreja: o Baptismo e a Eucaristia. O Baptismo (sacramentum fidei) precede a Eucaristia (sacramentum caritatis), mas está orientado para ela, que constitui a plenitude do caminho cristão. De maneira análoga, a fé precede a caridade, mas só se revela genuína se for coroada por ela. Tudo inicia do acolhimento humilde da fé («saber-se amado por Deus»), mas deve chegar à verdade da caridade («saber amar a Deus e ao próximo»), que permanece para sempre, como coroamento de todas as virtudes (cf. 1 Cor 13, 13).
Caríssimos irmãos e irmãs, neste tempo de Quaresma, em que nos preparamos para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, no qual o Amor de Deus redimiu o mundo e iluminou a história, desejo a todos vós que vivais este tempo precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no seu próprio circuito de amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na nossa vida. Por isto elevo a minha oração a Deus, enquanto invoco sobre cada um e sobre cada comunidade a Bênção do Senhor!
Vaticano, 15 de Outubro de 2012


BENEDICTUS PP. XVI

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

CADASTRO NACIONAL DE CATEQUISTA


A COORDENAÇÃO DIOCESANA DA CATEQUESE PEDE A TODOS CATEQUISTA PARA REALIZAREM O CADASTRAMENTO NACIONAL DE CATEQUISTA QUE ESTA SENDO PEDIDO PELA CNBB NO  LINK ABAIXO O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL.  

A XIII Assembleia do Sínodo dos Bispos: A Nova Evangelização para a transmissão da fé - (Parte 3)




A P Ê N D I C E: ALGUNS TEXTOS  (tradução não oficial e às vezes imperfeita...)

Texto da Mensagem nº 7. Evangelização e Família
Desde a primeira evangelização a transmissão da fé na sucessão das gerações encontrou um lugar natural na família. Nela - com um papel muito especial desempenhado pelas mulheres, mas com isto não pretendemos diminuir a figura paterna e a sua responsabilidade - os sinais da fé, a comunicação das primeiras verdades, a educação para a oração, o testemunho dos frutos do amor foram inseridos na existência das crianças e dos jovens, no contexto da solicitude que cada família dedica ao crescimento dos seus filhos. Mesmo se na diversidade das situações geográficas, culturais e sociais, todos os Bispos no Sínodo reconfirmaram este papel essencial da família natransmissão da fé. Não se pode pensar numa nova evangelização, sem uma responsabilidade específica em relação ao anúncio do Evangelho às famílias e sem lhes dar apoio na tarefa educativa. Não escondemos o fato de que hoje a família, que se constitui no matrimônio de um homem e de uma mulher, que os torna «uma só carne» (Mt 19, 6) aberta à vida, é atravessada em toda a parte por fatores de crise, circundada por modelos de vida que a penalizam, descuidada pelas políticas daquela sociedade da qual é contudo a célula fundamental, nem sempre respeitada nos seus ritmos nem apoiada nos seus compromissos pelas próprias comunidades  eclesiais. Mas precisamente isto nos estimula a dizer que devemos ter uma solicitude particular pela família e pela sua missão na sociedade e na Igreja, desenvolvendo recursos de acompanhamento antes e depois do matrimônio. Desejamos expressar também a nossa gratidão aos muitos esposos e famílias cristãs que, com o seu testemunho, mostram ao mundo uma experiência de comunhão e de serviço que é semente de uma sociedade mais fraterna e pacificada. O nosso pensamento dirigiu-se também às situações familiares e de convivência nas quais não se reflete aquela imagem de unidade e de amor para toda a vida que o Senhor nos ensinou. Há casais que convivem sem o vínculo sacramental do matrimônio; multiplicam-se situações familiares irregulares construídas depois da falência de precedentes matrimônios: vicissitudes dolorosas nas quais sofre também a educação dos filhos na fé. A todos eles queremos dizer que o amor do Senhor nunca abandona ninguém, que também a Igreja os ama e é casa acolhedora para todos, que eles permanecem membros da Igreja mesmo se não podem receber a absolvição sacramental e a Eucaristia. As comunidades católicas sejam acolhedoras em relação a quantos vivem tais situações e amparem caminhos de conversão e de reconciliação. A vida familiar é o primeiro lugar no qual o Evangelho se encontra com o dia-a-dia da vida e mostra a sua capacidade de transfigurar as condições fundamentais da existência no horizonte do amor. Mas é importante também para o testemunho da Igreja mostrar como esta vida no tempo tem um cumprimento que vai além da história dos homens e alcança a comunhão eterna com Deus. À mulher samaritana Jesus não se apresenta simplesmente como aquele que dá a vida, mas como aquele que dá a «vida eterna» (Jo 4, 14). O dom de Deus, que a fé torna presente, não é simplesmente a promessa de condições melhores neste mundo, mas o anúncio que o sentido último da nossa vida está além deste mundo, naquela comunhão plena com Deus que esperamos no fim dos tempos (segue texto sobre Vida Consagrada.
TEXTO DE ALGUMAS PROPOSIÇÕES:
PROPOSIÇÃO 8: TESTEMUNHAR NUM MUNDO SECULARIZADO
Somos cristãos vivendo num mundo secularizado. Embora o mundo seja e continue sendo criação de Deus, a secularização tomou conta da cultura humana. Como cristãos, não podemos ficar indiferentes ao processo de secularização. Estamos de fato numa situação semelhante à dos primeiros cristãos e como eles devemos considerá-la ao mesmo tempo como um desafio e uma oportunidade. Vivemos no mundo, mas não somos do mundo (cf Jo 15,19; 17,11.16). O mundo é criação de Deus e manifesta seu amor. Em Jesus e por meio Dele, recebemos a salvação de Deus e somos capazes de nos dar conta do progresso da criação. Jesus nos abre as portas para nos renovar, podemos, sem temor, abraçar as chagas da Igreja e do mundo (cf Bento XVI).
No tempo presente, que apresenta aspectos mais difíceis de entender que no passado, somos como  o “pequeno rebanho” (Lc 12,32) damos testemunho da mensagem evangélica da salvação e somos chamados a ser sal e luz de um novo mundo (cf Mt 5,13-16).

PROPOSIÇÃO 9: NOVA EVANGELIZAÇÃO E PRIMEIRO ANÚNCIO

A base do primeiro anúncio, aspecto querigmático da Boa Nova, é o anúncio proeminente e explícito da salvação. “Transmiti-vos em primeiro lugar aquilo que eu mesmo recebi: Cristo morreu por nossos pecados segundo as Escrituras; foi sepultado, ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras; apareceu a Cefas e depois aos doze” (1Co 15,3-5)
No “primeiro anúncio”, a mensagem do mistério pascal de Jesus Cristo, o “querigma”, proclamado com toda força espiritual deve levar ao arrependimento do pecado, à conversão do coração e à decisão de crer. Verifica-se então uma  continuidade entre a primeira proclamação e a catequese, em que se faz a instrução sobre o depósito da fé.
Consideramos necessário que o plano pastoral preveja o primeiro anúncio, de iniciação ao encontro vivo com Jesus Cristo. E que contenha igualmente os elementos do processo catequético, indicando como se inserem na vida das comunidades paroquiais.
Os padres sinodais propõem que se estabeleçam por escrito as linhas mestras do querigma, incluindo:
- o ensino sistemático do querigma na Escritura e na Tradição da Igreja Católica;
- os ensinamentos e escritos dos santos missionários e mártires de nossa história católica e que nos assistem nos desafios pastorais de nossos dias;
       - características e orientações para a formação dos evangelizadores católicos nos dias de hoje.